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Mogno Africano: Aliado na recuperação de áreas alteradas
Kaya ivorensis, Kaya anthotheca, Kaya grandifoloa e Kaya senegalensis são conhecidas como mogno africano. Essas espécies possuem elevado valor econômico no mercado internacional. O mogno africano teve origem na costa ocidental africana, formando extensas florestas na Guiné congolesa. Ocorre em vales úmidos, suportando inundações em período de chuvas, porém é muito sensível no período de estiagem (FALESI; BAENA, 1999).
Várias regiões da Costa Ocidental Africana, onde o mogno Africano é nativo, sofreram grandes explorações desta espécie, no passar de 70 anos, o que reduziu bastante a sua disponibilidade natural e incentivou os plantios organizados da espécie (ROSA et al., 2014).
O cultivo de mogno africano tem como objetivo o uso e recuperação de áreas alteradas, com futuro aproveitamento econômico da madeira (FALESI; BAENA, 1999).
Características como: bom desenvolvimento, beleza, resistência e alto valor no mercado internacional chamam a atenção e fazem que o mogno africano seja viável para o plantio. Além das características serem vantajosas, o mogno Africano foi implementado no Brasil devido outra característica importante. O mogno Africano é resistente a pragas que atacam o mogno Brasileiro (Swietenia macrophylla) e vem sendo substituído nas áreas de reflorestamento da Amazônia, por sua resistência a broca-das-meliáceas (Hypsipyla grandella Zeller) (ROSA et al., 2014).
Comparado ao mogno amazônico, também chamado de latino americano e mogno-verdadeiro, não existem diferenças significativas no aspecto fenotípico, mas existe uma diferença marcante que distingue um do outro: o mogno africano tem coloração avermelhada devido a concentração de antocianina, e o mogno amazônico tem coloração esverdeada (FALESI; BAENA, 1999).
É uma árvore de grande porte, podendo atingir 40 a 50 m e DAP (diâmetro à altura do peito) de até 200 cm, com caule retilíneo, sem ramificações até 30 m de altura e sistema radicular tubular amplamente vasto. A casca é espessa e rugosa de coloração marrom avermelhada. Durante a fase jovem é planta heliófila, ou seja, tolerante a sombra (FALESI; BAENA, 1999).
Muitas espécies são importantes economicamente por seu potencial madeireiro e pela extração de óleos essenciais (SAKURAGUI et al, 2013). O mogno Africano (Kaya ivorensis) se destaca no Brasil entre as madeiras exóticas, já que tem bom desenvolvimento em áreas com predomínio de clima tropical úmido e também tem boa capacidade de adaptação em regiões de clima subtropical. Já em regiões que sofrem de deficiência hídrica, por má distribuição de chuvas e pouca pluviosidade, o mogno africano possivelmente terá diâmetro do caule e altura das plantas limitadas (ROSA et al., 2014).
As características tecnológicas e a beleza da madeira do mogno africano fazem que seu uso comercial seja excelente, sendo usada em: móveis, construção naval e em construções interiores refinadas (FALESI; BAENA, 1999).
A implantação do mogno africano possui alto investimento e o primeiro desbaste, ocorre, em média, em 10 anos, sendo um investimento a longo prazo. A expectativa é que essa espécie tenha um consumo crescente, no mercado externo e interno, o que levará a um aumento no seu cultivo (FALESI et al, 2012).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FALESI, I. C., BAENA, A. R. C. Mogno-africano Khaya ivorensis A. Chev. em sistema silvipastoril com leguminosa e revestimento natural do solo. Embrapa Amazônia Oriental. Documentos nº 4. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 1999. 52 p.
ROSA, F. O. et al. Crescimento e desenvolvimento do Mogno Africano cultivado em ambiente protegido e em campo. In: INOVAGRI INTERNATIONAL MEETING, 2., 2014, Fortaleza. Anais. Fortaleza: INOVAGRI, 2014. p. 2388-2393.
SAKURAGUI, C. M. et al. Meliaceae. In: Livro vermelho da flora do Brasil. Texto e organização Gustavo Martinelli, Miguel Ávila Moraes. Tradução Flavia Anderson, Chris Hieatt. – 1. ed. – Parte 2. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2013. p 697-701.
Texto elaborado por:
Camila Menezes | Bióloga e Engenheira Agrônoma
Pós-Graduada em Gerenciamento Ambiental e em Manejo do Solo