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Cenário dos Fertilizantes Agrícolas
O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores agrícolas do mundo, com uma produção diversificada que inclui grãos, frutas, hortaliças e culturas energéticas. O agronegócio brasileiro, de janeiro a novembro de 2024, foi responsável por cerca de 47% a 49% das exportações totais do país e deverá responder por quase metade da produção mundial de alimentos nos próximos anos. Para atender toda essa demanda, é um dos países que mais consome fertilizantes.
Inversamente à produção agrícola, nosso país teve um crescimento expressivo das importações de fertilizantes ao longo dos anos, partindo de aproximadamente 7,4 milhões de toneladas em 1998 para quase 33 milhões em 2020, um crescimento de 445% em pouco mais de duas décadas. Atualmente é o quarto consumidor global de fertilizantes, responsável por cerca de 8% deste volume.
O ano de 2025 apresenta um cenário desafiador que impacta o mercado de insumos agrícolas. Incertezas globais geopolíticas como as novas tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos, conflitos internacionais em curso e a menor oferta global do produto, especialmente devido à redução da produção iraniana e ao aumento do custo do gás natural, contribuem para a alta nos preços. A importação de fertilizantes pelo Brasil em maio de 2025 foi de, em média, US$336,5 por tonelada, alta de 15,1% frente a maio de 2024 (US$292,4), segundo a Farmnews.
Apesar do contexto global instável, a demanda por fertilizantes permanece estável em diversas regiões, incluindo a África, Austrália, América do Sul, Europa e EUA.
Espera-se que o setor de fertilizantes especiais volte a crescer dentro das médias históricas, em receita, com um crescimento de 15% a 20% ao ano, dependendo do segmento, segundo a Abisolo.
No lado da oferta, há limitações no fornecimento de nutrientes como fosfatos e fertilizantes nitrogenados, impactados por mudanças na dinâmica dos principais players globais e por restrições chinesas às exportações. A expectativa é que a China retome suas exportações apenas no segundo semestre, após atender à demanda interna. Com perspectivas mistas para as commodities — pressão negativa para a soja e otimismo moderado para o milho —, a atenção se volta agora para a evolução das safras no Hemisfério Norte.
Texto elaborado por:
Roberta N. Bardauil Conte
Engenheira Agrônoma